Quando se pretende analisar a certificação da enguia como marca de qualidade da Ria de Aveiro estamos a referir-nos à espécie natural protegida, à matéria-prima de qualidade para a gastronomia ou ao prato culinário acabado ímpar?
Enguia: espécie natural protegida
Verificando-se o declínio da população de enguia são necessárias medidas que conduzam ao seu restabelecimento para níveis em que a sobrevivência da espécie não continue ameaçada. A enguia espalha-se por uma estrutura complexa como a Ria de Aveiro, incluída na Bacia Hidrográfica do Rio Vouga. Controlar o ambiente e a boa condição da enguia é um processo prolongado e caro. A redução da escala de ação para um curso de água que simula um pequeno rio, como o canal de Mira, onde a espécie é abundante, ou para uma zona de menor dimensão, como uma área de piscicultura, pode trazer vantagens de tempo, na obtenção de resultados a curto prazo, e de custos, tornando o processo menos dispendioso.
Com um controlo apertado sobre a qualidade do ambiente e da enguia na região delimitada pode obter-se um certificado de fiabilidade em relação a uma enguia saudável.
Enguia: matéria-prima de qualidade gastronómica
Os pressupostos de obtenção de qualidade, definidos atrás, aplicam-se na necessidade de ter matéria-prima/enguia para a promoção gastronómica, havendo, aqui, uma outra preocupação, a da produção em quantidade para abastecer o mercado que queira aderir a este tipo de certificação.
A área de produção deve ser mais restrita, por exemplo: apenas a região do Areão, no canal de Mira, e/ou uma ou várias marinhas convertidas para o efeito. Seria admitido, neste caso, o repovoamento, em determinado período do ano, para manter uma determinada produção, que nunca será massiva.
Enguia: menu culinário ímpar da Ria de Aveiro
Conjugada com uma matéria-prima de qualidade certificada, a oferta de estratégias culinárias ímpares no país, igualmente de qualidade excelente, constituiriam uma marca certificada de projeção internacional da região de Aveiro.
Esta atividade pode ser atrativa do ponto de vista económico, tendo em consideração os postos de trabalho que pode criar e o retorno financeiro e turístico para a região. Pode constituir uma fonte de reconversão dos pescadores lagunares, que vendo restringidas as suas licenças de pesca e tendo um bom conhecimento empírico sobre a enguia, podem ser uma mais-valia na produção da espécie.